Silêncio servindo de amém.
Era um trabalhador e como tal saiu de casa para mais um dia de labuta.
Era um Oficial de Justiça e como tal saiu sozinho, desarmado guiando seu carro/escritório rumo ao desconhecido, ao inesperado.
Avenidas, ruas, vielas,travessas, becos, escadões, prostíbulos, bocas de fumo ou distantes áreas rurais, não raro tem que deixar o carro e seguir a pé.
Vai levar as decisões judiciais aos seus destinatários, traduzir em miúdos, cara a cara, o que foi decido no longe dos gabinetes refrigerados; na maioria dos casos a decisão comunicada não é a melhor para quem a recebe e a recepção varia com o nível de stress que o impacto da notícia causa.
Vai entrar na casa da pessoa e impor limitações e até perda de patrimônio a favor do Estado ou daquele que, a essa altura do campeonato, não é mais persona grata, ao
contrário, passou a ser a mais ingratíssima das personas.
Houve tempo que o Oficial de Justiça era uma figura temida, hoje se sente acuado.
Exerce uma das chamadas Profissão Perigo, não tem como ser Oficial de Justiça sem se expor ao perigo, seja à reação violenta de um inconformado com a decisão que ele está ali para executar, seja á violência do trânsito, seja à vilência urbana.
Hoje, mais uma vez estamos de pela morte de um colega, tombado em serviço.
Dessa vez foi Daniel que saiu para "aproveitar" o período noturno e cumprir dois mandados, não voltou, não voltará.
A causa da morte vai ser investigada pela polícia. Mas, não importa a conclusão do inquérito, certamente terá sido por um dos perigos aos quais estamos expostos sempre que saímos às ruas para cumprir o nosso ofício, nossa profissão - perigo / profissão - solidão / profissão - medo.
*"Sou humano, tenho medo. *
*Não permita que minha vida corra perigo.*
*Confio na sua proteção e misericórdia, Senhor.*
*Amém."*
*(parte final da Oração do Oficial de Justiça)*
*SONIA PERES, OFICIAL DE JUSTIÇA DO TRT/MG
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