sábado, 28 de abril de 2012

ATO DE HEROÍSMO - Após sensibilidade, solidariedade e atitude humana de Oficial de Justiça de Bauru, criança com leucemia recebe doações e carinho da população - Fonte Aojesp

ATO DE HEROÍSMO

Após sensibilidade, solidariedade e atitude humana de Oficial de Justiça de Bauru, criança com leucemia recebe doações e carinho da população.

Oficial de Justiça conhece Ana Lara

Dentre muitos fatos tristes do cotidiano que chocam a população, algumas atitudes solidárias se sobressaem e lançam luz à realidade do amor ao próximo. 

Na tarde da última segunda feira (23/04), o Oficial de Justiça Roberval Soares saiu do anonimato e realizou o desejo de conhecer Ana Lara Francisco Morais, 5 anos, portadora de leucemia.

Conforme o Jornal da Cidade divulgou em matéria no último dia 20, no ano passado, quando ele se negou a cumprir uma ordem de despejo direcionada à família, a garotinha estava em uma sessão de quimioterapia no Hospital Estadual (HE) de Bauru, o que sensibilizou o funcionário público com 32 anos de profissão.

O encontro entre o ‘herói’ e a ‘princesinha’ foi marcado na residência da família, pouco antes de Roberval buscar sua filha Laura, de 12 anos, na escola. Muito tímida e sem entender ainda o que está se passando com clareza por conta da pouca idade, Ana Lara recebeu muito carinho do oficial de Justiça e de uma advogada que também foi ao local só para entregar uma boneca à menina.

“Ela não sabe da doença direito porque, como não entende, preferimos não ficar falando muito. Mas ela está muito feliz com todas as doações que estão chegando. Já ganhou roupas, sapato, a boneca. Então, deixamos ela viver o momento”, diz a mãe Tamara Francisco da Silva, 21 anos.

Emocionado ao encontrar a menina e a família que ele impediu de estar sem um lar hoje, Roberval Soares contou como foi todo o trajeto de ordens que teve que realizar na residência, localizada na rua Paulo Húngaro, 4-60.

“Eu fui designado para a ação desde o início e estive aqui várias vezes. No dia do cumprimento da ordem de despejo, em dezembro do ano passado, o Fernando, pai da Ana Lara, estava aos prantos na rua, sem saber o que fazer. Ia de um lado para outro. Eu já sabia da história de vida da família, mas não sabia que a menina tinha leucemia. Foi ele que me contou que ela e a mãe estavam no hospital em uma sessão de quimioterapia”, lembra.

Punição

Mesmo sabendo que poderia sofrer punições administrativas futuramente, Roberval se recusou a cumprir a ordem de despejo expedida por um juiz da 5ª Vara Cível da Comarca de Bauru. “Depois que o pai da Ana Lara me contou tudo o que estavam passando, eu não podia deixar aquela família ir para a rua”, acrescenta.

O fato de ter uma filha pequena também foi crucial na decisão do funcionário público, que já se recusou a cumprir outra ordem de despejo pouco depois da inauguração do núcleo Bauru 16. “Eu sou pai e tenho uma filha, que já teve a idade dela e que tem o nome parecido com o dela: Laura”.

Ainda brincando com uma boneca que ganhou, Ana Lara estava muito tímida com a situação e não sorria. Um abraço e um beijo do ‘herói’ da família só conseguiram ser dados na pequena depois de mais de uma hora de encontro.

Transplante

Um dos pontos do ‘bate papo’ entre a família e o Oficial de Justiça Roberval Soares foi a possibilidade de cura da leucemia de Ana Lara. Tamara, mãe da garotinha, contou que o transplante não é a etapa atual e que está feliz com a boa recuperação de Ana Lara nesta fase do tratamento.

“Ela faz tratamento desde 2009 e, no final do ano passado, outras células da leucemia apareceram nos exames. Mas ela se recuperou muito rápido e não teve tantas infecções como da outra vez”, diz. “Isso é porque ela é um anjo, um bebê, e vai se recuperar”, completa Soares.

Os pais dela, Tamara e Fernando, já realizaram o teste de compatibilidade de medula, mas o resultado ainda não ficou pronto. “Já fomos procurar saber a possibilidade de ter outro filho para doar a medula para ela, mas a armazenagem teria que ser em São Paulo e o custo é muito alto. Sem contar que não é certeza de que o bebê será compatível”.

Doações

Depois da matéria divulgada pelo JC na última sexta-feira, muitas ligações e e-mails chegaram à Redação com o intuito de ajudar a família de Ana Lara. Emocionada, ela agradece a todos, inclusive aos advogados que se solidarizaram com a causa e se dispuseram a ajudar. “As advogadas que estão na negociação do nosso terreno não nos atendem mais. Muitos advogados se ofereceram para ajudar na causa, e isso é muito importante para nós”.

A família ainda aceita doações no endereço rua Paulo Húngaro, 4-60, Pousada da Esperança 1 e através do telefone (14) 9800-0946.

O sonho de estudar

Apesar de nunca ter frequentado a escola, já que começou a desenvolver a doença aos 3 anos e precisou se privar de frequentar ambientes movimentados por conta da baixa resistência de seu organismo, Ana Lara sabe escrever. Quem ensinou foi a mãe, Tamara Francisco da Silva, que se dedica em tempo integral à recuperação da pequena enquanto o pai, Fernando Morais, 32 anos, trabalha como pedreiro.

“Ela é muito inteligente. Já sabe escrever o meu nome, o nome dela, o nome do pai dela. Eu ensinei e ela aprendeu. Tecnologia é com ela mesma, aprende muito rápido. Uma assistente social da Sebes que esteve aqui disse que tentaria colocá-la em uma escola em apenas alguns períodos. Ela me cobra isso sempre: ‘Mãe, quando vou poder ir à escola?’”.

Rede solidária avalia a possibilidade de fazer conta poupança para ela

Como o principal problema da família de Ana Lara é garantir que o seu lar não seja retomado pelo antigo proprietário por falta de pagamento, muitos bauruenses que se solidarizaram com a história de vida dessa família não querem que isso aconteça. Por isso, Roberval Soares estuda, junto a alguns amigos, a abertura de uma conta poupança de doações direcionadas a Ana Lara.

“O nosso problema é que não conseguimos pagar porque as parcelas estão muito altas. Na negociação eles não baixam o valor e querem uma entrada muito alta, que não temos dinheiro para pagar”, justificou Fernando Morais, 32 anos.

Por isso, Soares sugeriu a criação de uma conta poupança. “Muitos amigos meus e outras pessoas que ligaram no Fórum para saber sobre o caso querem ajudar financeiramente. Por isso, acho a idéia da conta poupança muito boa, porque será endereçada a ela e poderá ajudar no custeio do terreno”.

Fonte: jcnet.com.br

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