Profissionais relatam rotina de ameaças e agressões
Oficial de Justiça diz que teve arma apontada para a cabeça.Roseane Aguirra
“Ele pegou a ordem judicial da minha mão, rasgou, pegou o revólver, pôs na minha cabeça e disse ‘eu vou contar até dez, se você ainda estiver [aqui], eu vou descarregar o revólver todinho na sua cabeça’”, relata a oficial de Justiça Monica Reis Valverde. Há 30 anos, ela tem uma rotina de ameaças e agressões, que, em menor ou maior grau, também é a de outros profissionais que lidam com o público em situações delicadas, como atendentes de call center e guardas de trânsito.
Para a oficial Monica, de São Bernardo do Campo (SP), poucos entendem sua função, para a qual, segundo ela, não há treinamento. “A profissão é conhecida para o público em geral como entregador de cartas, um carteiro. Na realidade, [o oficial] é uma autoridade para cumprir ordens do juiz, como apreender uma criança, apreender um veículo, fazer um despejo, decretar uma falência, etc”. No dia em foi ameaçada, ela saiu do lugar onde estava o homem armado, mas avisou a polícia e ele foi preso logo em flagrante depois. “Ser oficial é pra quem realmente não tenha receio, não tenha medo e esteja disposto a enfrentar, porque a barra é pesada”, diz.
Aquele não foi o único momento de violência: Monica, de 66 anos, conta que já foi jogada de uma escada e teve a mão furada por uma caneta. Ela relata outras situações vividas por colegas: “Oficial Rosa passou horas trancada dentro do porta-malas do carro, dentro de uma favela. Oficial Wilton, atiraram nele e por um triz não arrebentaram o pé dele. Oficial Luiz Claudio, foi arrastado num carro, [...] o oficial estava próximo da porta, [...] e no fechar a porta, prendeu a roupa do oficial e ele foi arrastado. Quer mais? Nós vamos ficar aqui anos conversando.”
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