Oficial de Justiça leva à USP notificação de reintegração de posse
Reitoria mandou cortar a energia elétrica e a internet do prédio invadido.
Alunos estão desde quarta no edifício da reitoria.
Um oficial de Justiça chegou por volta das 17h desta sexta-feira (4) ao prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) para entregar a notificação de reintegração de posse aos alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Os estudantes ocupam desde quarta (2) o edifício, que fica na Cidade Universitária, no Butantã, Zona Oeste da capital paulista. A Justiça determinou na quinta (3) a reintegração.
Nenhum dos estudantes, porém, aceitou receber a notificação. O mandado foi, então, lido e o oficial de Justiça Valdemir Maciel declarou que os alunos estavam “oficialmente intimados”. Além de pedir a saída em 24 horas dos estudantes, o documento convoca dois representantes dos ocupantes para uma audiência neste sábado, às 10h, no Fórum Hely Lopes Meirelles, no Centro de São Paulo. Ninguém quis se prontificar a comparecer ao fórum.
Pouco antes de o oficial chegar, Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, disse que os alunos continuarão no prédio. “Já foi decidido que esta ameaça violenta de reintegração de posse não será acatada [pelos ocupantes]. O movimento irá resistir.”
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A reitoria da USP mandou nesta sexta (4) cortar a energia elétrica e a internet do prédio ocupado. Segundo a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), os alunos, que ficaram às escuras, tentavam ligar um gerador. “Em outras ocupações, o gerador já foi utilizado. Mas há alunos tentando operá-los sem saber. Se acontecer algo com eles, a responsabilidade será da reitoria”, disse o diretor do Sintusp Marcelo Pablito.
A Cidade Universitária, campus onde está situado o prédio ocupado da reitoria, tem área total de 4,5 milhões de metros quadrados e oferece 86 cursos de graduação, além de especializações, pós-graduação, mestrados e doutorados.
Reunião
Mais cedo, uma reunião entre a direção da universidade, os alunos e o Sintusp terminou sem acordo. Na pauta, dois assuntos foram discutidos: a saída da PM do campus e a revisão dos processos abertos pela universidade contra estudantes e servidores. Por causa do impasse, a ocupação do prédio da reitoria continua.
Mais cedo, uma reunião entre a direção da universidade, os alunos e o Sintusp terminou sem acordo. Na pauta, dois assuntos foram discutidos: a saída da PM do campus e a revisão dos processos abertos pela universidade contra estudantes e servidores. Por causa do impasse, a ocupação do prédio da reitoria continua.
“Propusemos a criação de um grupo de trabalho misto com a reitoria, estudantes e funcionários para detalhamento do convênio da PM e de um plano de trabalho. No entanto, eles aparentemente não aceitaram”, disse o professor de geografia Wanderley Messias, superintendente de relações institucionais da USP. Ele informou ainda que a reitoria está disposta a examinar os processos. “Estamos dispostos a negociar.” Anibal Cavali, um dos diretores do sindicato, informou que existem aproximadamente 50 processos administrativos e criminais envolvendo estudantes e funcionários em todas as unidades da USP no estado.
Para o diretor do Sintusp Carvalho, o encontro que ocorreu no prédio da geografia, convocado pela direção da universidade. foi uma “farsa”. “Eles disseram que estavam dispostos a analisar a questão dos processos na segunda-feira (7). Depois do intervalo, quando voltaram, falaram: ‘Desocupem a reitoria que a gente volta a conversar’”, afirmou Magno. Ele completou em seguida: “Isso não é negociação. Foi uma farsa para dizer que sentaram com os funcionários antes de mandar a PM para massacrar estudantes e funcionários. Acho que estão apostando em um confronto sangrento", afirmou ele sobre a presença da PM.
Participaram da reunião cinco estudantes, um professor da Faculdade de Direito - indicado por alunos para a negociação - e dois diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), além de dois professores representando a reitoria - Wanderley Messias, da geografia, superintendente de Relações Institucionais da universidade, e Alberto Amadio, da educação física e membro do gabinete do reitor. A reunião foi realizada no prédio da geografia, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
Também presente na reunião, o estudante de letras Rafael Alves, integrante da comissão de negociação, afirmou que os alunos irão manter a ocupação. “Enquanto perseguirem os alunos e o convênio com a PM continuar e não tiver uma assembleia que delibere o contrário, a ocupação vai continuar.” Segundo os estudantes, a próxima assembleia está prevista para quarta-feira (9).
Reintegração
Segundo a decisão da juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, a reintegração da reitoria "deverá ser realizada sem violência, com toda a cautela necessária à situação, mediante a participação de um representante dos ocupantes e da autora para a melhor solução possível, observando a boa convivência acadêmica, em um clima de paz".
Segundo a decisão da juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, a reintegração da reitoria "deverá ser realizada sem violência, com toda a cautela necessária à situação, mediante a participação de um representante dos ocupantes e da autora para a melhor solução possível, observando a boa convivência acadêmica, em um clima de paz".
Caso os alunos não se retirem, a juíza diz que autoriza, "como medida extrema”, o uso de força policial. Ela ressalva, no entanto, que conta "com o bom senso das partes e o empenho na melhoria das condições de vida no campus".
As ocupações começaram depois que três universitários foram detidos pela PM após serem flagrados com maconha. Estudantes protestaram contra a prisão em frente a um dos prédios da faculdade e houve confronto com a polícia. Após a confusão, um grupo invadiu o prédio administrativo da FFLCH – que foi liberado nesta quinta.
Nesta manhã, um estudante que participa da ocupação da reitoria e não quis se identificar disse que o prédio está intacto e em perfeito estado de conservação. O estudante também afirmou que há muitas pessoas no prédio, mas não quis dar números. Questionado sobre as imagens divulgadas pela USP que mostram a invasão dos estudantes, o aluno admitiu que uma câmera de segurança foi danificada.
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