As certidões dos Oficiais de Justiça transcritas neste blog, por razões de segurança serão reproduzidas sem dados que possam identificar ou embaraçar aqueles que foram alvos da diligência, principalmente os dados do (a) Oficial (a) de Justiça, já que nesses dias negros nossa classe se tornou o alvo preferencial da violência que assola toda a sociedade.
Os Oficiais que desejarem constar no espaço seus percalços, violência sofrida e demais agruras, por favor remetam cópia das suas certidões para o email "aojustra@gmail.com".
A DIRETORIA DA AOJUSTRA
Observação - Nem sempre reproduziremos certidões, os casos verdadeiros narrados com outra forma tambem são bem vindos e demonstram o nosso dia a dia.
Cuidado com o cão! - Fonte blog O Cotidiano de um Oficial de Justiça
Certa vez fui intimar um sujeito para comparecer a uma Audiência. Trabalho simples... Simples?!
Lá chegando, fiz o que todos os carteiros e Oficiais de Justiça devem fazer:
- Tem cachorro?
E a resposta foi imediata:
- Tem, mas é mansinho.
Mansinho com quem? A maioria dos donos de cães, quando perguntados, respondem que seu cachorro é mansinho... mas se esquecem de dois detalhes importantíssimos: 1) Oficial de Justiça não faz parte da família; 2) Canela de Oficial de Justiça é doce.
Vi o cachorro sentado na calçada, imóvel, apenas observando. Nenhum sinal de que, naquele instante, eu ultrapassava o limite entre a rua e o seu território. Praticamente me ignorava. Era o que eu pensava...
Feita a intimação, estendi a mão para despedir-me do intimando, como normalmente faço, e aí veio a surpresa: o cachoro mansinho teve uma crise de ciúmes e avançou. Grudou na parte de trás da minha perna direita, na altura do joelho, e de lá não queria sair. Rodopiei igual pião, e nada dele soltar. Parecia brincadeira de criança, no ponto de vista do cachorro, é claro. Para mim, não havia nada de divertido. O danado só soltou quando o dono ordenou. Cachorro treinado? Por que não o ensinaram a não morder Oficiais de Justiça?
Naquele momento, sem sentir nada que indicasse ter me machucado, disse ao dono do cão que estava tudo bem, que o prejuízo se limitava à calça rasgada. Novamente nos despedimos, desta vez à distância.
Chegando em casa, que surpresa! Havia a marca de quatro dentes na perna, dois superiores e dois inferiores. Em volta das marcas, um grande hematoma. Depois que vi, até comecei a mancar... A gente se assusta, né?
Corri para o posto de saúde. Atendido, respondi a algumas perguntas da enfermeira... Tive vontade de dizer o que está entre parênteses, mas faltou coragem, afinal ainda precisava de atendimento...
- Mordida de cachorro?
- Sim (não, de elefante!).
- Conhece o cachorro?
- Não (ainda não fomos apresentados).
- É cachorro de rua?
- Não, possui um dono (que é tão cachorro quanto ele!).
- Então você terá que acompanhar a saúde do cachorro nos próximos dez dias, para saber se ele dá sinais de estar com raiva.
Eu é que tinha que estar com raiva, veja só! Fui mordido e ainda tenho que acompanhar o au-au para saber se está tudo bem com ele!? Será que a enfermeira temia que eu transmitisse alguma doença ao cão? Eu sou tão limpinho...
Nada disso. Ela explicou que a vacina de raiva é muito forte e traz alguns efeitos colaterais (como, por exemplo, uivar para a lua?). Por esta razão, somente é aplicada quando o animal dá sinais de que é portador da doença, podendo transmiti-la (de que animal ela estava falando?).
Vou dizer o que? Tudo bem. Fui vacinado contra tétano... Talvez se pisasse num prego enferrujado ela me vacinasse contra raiva... pensando bem, achei melhor deixar para lá.
Soube depois que o cachorro passava bem, que não havia manifestado qualquer anormalidade (para um cão, morder é normal, eu tenho que concordar).
Devagar o hematoma foi sumindo e está história foi aparecendo na cabeça. Faltava a oportunidade de trazê-la a público. Agora posso fazer isto.
Curioso quanto à raça do cachorro, amigo leitor? Era um imenso e feroz... poodle! Dá para acreditar?
Um grande abraço,
Fabiano.
Postado por FABIANO CARIBÉ PINHEIRO
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