quinta-feira, 23 de junho de 2011

O dia a dia do Oficial de Justiça nas suas certidões


As certidões dos Oficiais de Justiça transcritas neste blog, por razões de segurança serão reproduzidas sem dados que possam identificar ou embaraçar aqueles que foram alvos da diligência, principalmente os dados do (a) Oficial (a) de Justiça, já que nesses dias negros nossa classe se tornou o alvo preferencial da violência que assola toda a sociedade.

Os Oficiais que desejarem contar no espaço os seus percalços, violência sofrida e demais agruras, por favor remetam cópia das suas certidões para  o email "aojustra@gmail.com".
A DIRETORIA DA AOJUSTRA


CERTIDÃO




Certifico e dou fé que, em cumprimento ao respeitável mandado anexo de nº XXXXXX, compareci no Conj. Cidade Nova V, Travessa WE-XX, n° XXX, Coqueiro, Ananindeua, Pará e, lá estando, no dia 16/06/2011 às 16:15 h, após identificar-me formalmente, ocorreu o que segue:




1 – perguntando às duas senhoras que haviam ali dentro, atrás do portão de ferro de chapas pretas, de quase 1,5 m de altura, a que estava de frente para a rua, fazendo as unhas da que estava de costas, sem levantar a cabeça, informou que o executado, XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX, não estava no local, não sabia que horas ele retornaria e que eu retornasse outra hora.


2 – Perguntando se havia no local um telefone que pudesse contatar o executado, a mesma senhora disse que não e que eu retornasse mais tarde.


3 – Perguntei então se o executado teria um telefone celular e, a senhora, não tendo ouvido a pergunta, fez com que um cidadão, aparentando vinte e poucos anos, de olhar estranho, que surgiu lá de dentro, perguntasse o que eu teria dito, sempre do lado de dentro do portão.


4 – Disse-lhe que perguntava se não haveria um celular do executado para que pudesse contatá-lo.


5 – O cidadão então perguntou à senhora se havia um celular e esta, já demonstrando grande contrariedade, disse que também não sabia, e que eu retornasse mais tarde, por que eu já estaria incomodando muito e que ela iria chamar a polícia.


6 – Disse-lhe então que seria bom que ela chama-se a polícia, pois aí a comunicação poderia ser mais direta, mais próxima, sem mal entendidos.

7 – De imediato, então, o cidadão gritou que eu não deveria falar aquelas coisas para a mãe dele, e abrindo o portão quase instantaneamente, passou a agredir-me fisicamente, desferindo diversos chutes e pontapés, com a agilidade de um lutador profissional;



8 – Sem qualquer revide e tomado de assalto com a repentina agressão, a pasta de mandados caiu no chão e estes se espalharam, quando então o agressor corpulento, após sua agressão covarde e truculenta, parou repentinamente.

9 – Dirigi-me então de imediato à Delegacia de Polícia mais próxima e, após breve demora, relatei o ocorrido, tudo em conformidade com o Boletim de Ocorrência Policial anexo.

10 – Em seguida dirigi-me à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal e relatei o ocorrido até àquele momento.

11 – O Delegado Federal enviou dois agentes plantonistas para o endereço do executado, a fim de ouvir o agressor em sua presença;

12 – Este não foi conduzido, mas sim sua mãe, companheira do executado Asterio, que alegou que seu filho violento sofre de doença mental, em função do uso ininterrupto de diversas drogas de uso proibido e altamente reprimido, desde os dezessete até os seus atuais vinte e cinco anos, tendo até recebido um tiro em sua boca, desferido por um traficante cobrador.

13 – Os agentes revelaram que na casa visitada havia um cômodo completamente gradeado, que era habitado pelo agressor.

14 – Também disseram os policiais ter o agressor o peso de aproximadamente cento e vinte quilos.

15 – A mãe do agressor apresentou diversos papéis contendo receitas de medicamentos, além de exames e outros documentos que convenceram o Delegado Policial Federal da insanidade do agressor.

16 – A senhora informou ainda não ter bens que possam pagar a quantia cobrada na execução.

17 – Em virtude do exposto deixei de proceder a penhora ordenada, até mesmo porque não mantive contato com o executado XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX.

18 – Os boletins de ocorrência policial se encontram aqui anexos através de cópias autênticas, tal como as prescrições médicas do atendimento hospitalar que se fez necessário em virtude das fortes dores sentidas por este servidor.


Belém, Pará, terça-feira, xx de xxx de xxx.

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